Perdigão Perdeu a Pena
Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
Coitado! que em um tempo choro e rio
Coitado! que em um tempo choro e rio
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Duma cousa confio e desconfio.
Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.
Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;
Queria que visto fosse e invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!
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3 comentários:
Obrigada pela ilustre visita!Prazer em conhecer!
Gostei daqui (vou linkar nos meus, tá?).beijo
Obrigado! Obrigado! Obrigado! Obrigado!
pelo ilustre!
pela visita!
pelo link!
pelo beijo!
também te linko!
também te beijo!
Renato, esse Coitado! é Bárbaro! Adorei!
bj, f
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