segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Feira do Livro de Porto Alegre e o Onírico Portoalegrense

1) Sonhos Melados no Sarau Literário Zona Sul -Eróticos e Afrodisíacos na tenda Passárgada, Padaria Literária

especial agradecimento à Sandra Santos pelo carinho de gravar, editar e entubar este evento



2) Pesadelo na Feira - A poeta Telma Scherer (que foi patronesse da Feira do Livro de Lajeado) é levada pela Brigada Militar pelo "crime" de fazer uma performance poético-dramática em meio a um evento dito cultural...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CAI A MÁSCARA DA FEIRA DO LIVRO

CAI A MÁSCARA DA FEIRA DO LIVRO
PODE A CULTURA SER
ESCORRAÇADA
DA PRAÇA?


Na sexta-feira, 12 de novembro, às 19h40, a poeta Telma Scherer, que fazia uma performance poética na Feira do Livro de Porto Alegre foi detida, arrastada por policiais de forma arbitrária até o Posto do 1º Batalhão da Brigada Militar no Mercado Público e impedida de continuar a exercer sua arte.

Ora, a referida feira é um evento de caráter comercial que entretanto vem se revestindo de um verniz cultural para desta forma obter verbas públicas através das diversas Leis de Incentivo à Cultura. Também dessa forma obtém permissão para ocupar a praça pública.

A violência com uma poeta não se justifica de forma alguma. Tampouco o desrespeito com a arte e a cultura. Cai a máscara da Feira do livro.

A cultura, a arte e a poesia são livres por princípio.


Instituto Machado de Assis

domingo, 13 de junho de 2010

voz da memória

poeta não te esqueças
dos pais do teu poema
de poe o estorvo do corvo
vladimir de vértebras canoras
e de bertold coragem
poeta não esqueças
dos anjos tortos já mortos
dos pablos carlos manuéis
fernandos e joãos
da herança que te deixaram
desde além-castro
desde muito além-camões
aqueles pra quem a palavra
mais que poética é ética
cuja arte imita nada
porque é vida a ser vivenciada
poeta que se preza
usa sua voz com alarde
não é poeta o covarde
que abafa o grito
com migalha pega do chão

que jamais cale o poeta
a não ser quando o silêncio
falar mais que a poesia

Porto Alegre, 12/06/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

vaca


clara fêmea noturna

carnal carícia

vaca sagrada dos cornos de lua

altar pagão

vaca chapada que ronda a rua

morna sedução

vaca divina curvilínea

pele leitosa

deleite no leito

tetas macias de leite em pó

esguichando estrelas na noite

iluminando caminhos no céu

mãe do dia

amante da noite

paixão da terra

imensa vaca de sangue quente

que aplaca desejos com cerveja

carne de beijo na boca

poderosas coxas

corpo fértil

paraíso de prazeres

traçando na minha noite

vias tortuosas de perdição


Porto Alegre, 19 de janeiro de 2010.

(ilustração: detalhe da capa de "Pau de Poemas - xilogravura de 1987, colorizada digitalmente)