domingo, 13 de junho de 2010

voz da memória

poeta não te esqueças
dos pais do teu poema
de poe o estorvo do corvo
vladimir de vértebras canoras
e de bertold coragem
poeta não esqueças
dos anjos tortos já mortos
dos pablos carlos manuéis
fernandos e joãos
da herança que te deixaram
desde além-castro
desde muito além-camões
aqueles pra quem a palavra
mais que poética é ética
cuja arte imita nada
porque é vida a ser vivenciada
poeta que se preza
usa sua voz com alarde
não é poeta o covarde
que abafa o grito
com migalha pega do chão

que jamais cale o poeta
a não ser quando o silêncio
falar mais que a poesia

Porto Alegre, 12/06/2010