quinta-feira, 23 de agosto de 2012
O Poema da Camiseta
Ontem, durante a edição 13 de Meus Poemas Sou Eu Escrito, discutíamos a relação entre forma e conteúdo, quando meu convidado, Ricardo Mainieri, citou o poema impresso na camiseta que eu vestia. Creio que ainda não o tinha publicado, então ele vai da maneira como entrou na discussão ontem... na camiseta.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
UNANIMIDADESUMANIDADE
"Posso
não concordar com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu
direito de dizê-lo." (Voltaire)
me criei em um tempo
em que todo mundo
pensava igual
porque era proibido
pensar diferente.
em que todo mundo
pensava igual
porque era proibido
pensar diferente.
se dizia
"Brasil, ame-o ou deixe-o"
e os que amavam
precisavam fugir.
"Brasil, ame-o ou deixe-o"
e os que amavam
precisavam fugir.
me criei num Brazil
de unanimidades
e aprendi
que a unanimidade é burra,
que a unanimidade é bruta,
que a unanimidade é uma arma
da mediocridade
pra se fazer importante.
de unanimidades
e aprendi
que a unanimidade é burra,
que a unanimidade é bruta,
que a unanimidade é uma arma
da mediocridade
pra se fazer importante.
lutei sem armas,
fui clandestino, porque
a unanimidade era a lei
e o silêncio cresceu.
fui clandestino, porque
a unanimidade era a lei
e o silêncio cresceu.
vi a unanimidade
apodrecer.
vi os medíocres caírem
porque não tinham mais
capacidade de calar
a discórdia.
vi os medíocres caírem
porque não tinham mais
capacidade de calar
a discórdia.
não sou exatamente cordato,
discordo com veemência,
mas não tiro de ninguém
o direito de pensar.
discordo com veemência,
mas não tiro de ninguém
o direito de pensar.
discordância
é vida;
unanimidade,
morte!
é vida;
unanimidade,
morte!
discordo da unanimidade.
discordo do concordismo.
discordo dos discursos bonitinhos.
discordo da concórdia
que cala os adversários.
discordo do concordismo.
discordo dos discursos bonitinhos.
discordo da concórdia
que cala os adversários.
faço minha
a fala da discórdia!
que todos acordem
e que a concórdia forçada
tenha a força de uma corda
onde os tiranos
se enforquem.
a fala da discórdia!
que todos acordem
e que a concórdia forçada
tenha a força de uma corda
onde os tiranos
se enforquem.
(ilustração: recriação gráfica que fiz sobre foto de Vladimir Herzog)
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
VERSO SUB VERSO
poetas não respondem
à necessidade capitalista
de produção
poetas respondem
à necessidade humanista
de emoção
poetas são
subversivos
transformam língua em lâmina
e ferem de morte o sentido
poetas são
corruptores
pegam pequenas palavras
e as obrigam a dizer muito
poetas
são loucos
por sorte
são poucos
Porto Alegre, 23/05/2012
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