sexta-feira, 2 de maio de 2008

poema frio


Inverno
inaugurou hoje
não no calendário,
que lá inda é outono,
mas no ano
no dia
na pele.

Inverno
invadiu o ar
que chora
uma chuva
molhada
chuva de inverno
molha até os papéis
(os que estão
nas gavetas)

Inverno
chove triste
molha a roupa
molha o corpo
molha os ossos
chora o dia
até virar noite

Inverno
encharca
as calçadas,
emboscado
embaixo das lajes,
alagando frieiras,
penetrando por
insuspeitos
buracos no sapato.

Inverno
triste e cinzento
como o dia
como a cidade
como o mofo
das paredes
e da alma
das pessoas

Se o inferno
fosse frio,

seria inverno

9 comentários:

Cecília Borges disse...

que inverno faça casa, mas o frio dentro da gente não.
um bj

Suzana Mafra disse...

Olá, Renato,

obrigada pela visita ao Borboletras

Teu blog trouxe um poema à tona:

navagando rio acima

o barqueiro rema

o poeta rima

Abraço

Renato de Mattos Motta disse...

Cecília,
o frio não é problema porque dificilmente entra no meu coração. Já a chuva...

Renato de Mattos Motta disse...

Suzana








(fiquei sem palavras!)








obrigado!

FlaM disse...

é parece que a coisa aí foi de molhar os ossos e mofar a alma...
belo poema!
bj, f

Liziê disse...

Adorei!
Pra mim, a função do inverno é nos instigar a buscar o calor nosso de cada dia.
;)

Juliana Meira disse...

..

poeta Renato
tomo emprestado o remo
e sigo corredeira abaixo
neste "poema frio"

sinto o ar gelado
cujo vento verso soprado
açoita a àgua
sacode o barco

por isso te digo
se no inferno ou se no céu
for inverno
desses de frio danado

quando deixar este barco
peço a deus
ou ao diabo
que me conceda um regalo:

como passatempo
na frieza da eternidade
deixe que eu leve
sem aparte

ao menos a cuia de mate

..

Priscila Lopes disse...

O belo poema foi o GARIMPADO da vez no Cinco Espinhos!

Abraços

Ana disse...

Adorei!
Me identifiquei.
Levei para o meu blog...